Braille como Património Imaterial: Uma conquista histórica para Portugal
10 de outubro de 2025
O uso cada vez mais intensivo da inteligência artificial, a digitalização da informação, a evolução dos leitores de ecrã e a eficácia crescente das tecnologias de reconhecimento de texto impresso com leitura em voz alta, tem motivado um número muito significativo de pessoas a questionar a importância futura do Braille.
Mas, como todos sabemos, nem tudo o que luz é ouro.
A importância da leitura em Braille está para as pessoas cegas, como a leitura está para as pessoas normovisuais. Assim como, o tato está para as pessoas cegas, como a visão está para as pessoas normovisuais. Poderemos todos subestimar a importância e eficácia destes sentidos para passar a "ouvir" toda a informação e conhecimento que pretendemos obter?
De facto, a importância do Braille tem saído cada vez mais reforçada com a evolução tecnológica. Não só não foi afastado, como impulsionou um uso mais intensivo, especialmente a nível profissional. Surgiram computadores sofisticados, blocos de notas inteligentes com acesso à inteligência artificial e linhas Braille autónomas, cada vez mais utilizados desde o primeiro ciclo, passando pelo ensino superior até aos ambientes empresariais mais sofisticados.
O surgimento das novas tecnologias Braille têm proporcionado o mais alto nível de acessibilidade, trabalho e produtividade. Este sistema de escrita e leitura tem uma grande importância na integração profissional de pessoas cegas que agora são professores, advogados, músicos, tradutores, programadores, especialistas de recursos humanos, psicólogos, entre outros. O Braille permite um percurso académico e profissional mais acessível, potenciando o sucesso dos seus utilizadores.
Graças ao Braille é possível exercer verdadeiramente o direito de ler, de sentir cada letra, cada palavra e cada frase, de forma adequada ao ritmo de cada pessoa e à exigência do tipo de leitura que está a executar. E isso fala por si.
Mas a voz também tem a sua importância, e é por isso que a Madalena Ribeiro, a moderadora do podcast Pontes de Vista, entrevistou o Prof. Dr. Deodato Guerreiro, fundador do Centro Português de Tiflologia e figura central na proposta de inventariação e candidatura da manifestação «Aprendizagem e Uso do Braille» como Património Imaterial da Humanidade, dando voz a uma das pessoas que mais contribuiu para a valorização do Braille em Portugal e no Mundo.
A conversa mergulha na importância cultural, educativa e social do Braille, destacando o percurso que culminou, a 25 de julho de 2025, na decisão oficial de Portugal em inscrever esta manifestação no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
Um episódio imperdível para quem acredita que a acessibilidade também é património:
A MegaPontes parabeniza o trabalho notável da comissão científica, composta pelo Prof. Dr. Deodato Guerreiro, pela Prof.ª Dra. Mariana Romeiras Amado e pelo Dr. Aquilino Rodrigues, cuja dedicação e rigor tornaram possível este marco histórico para a valorização do Braille.
Subscreva o Pontes de Vista, o podcast da MegaPontes, para conhecer histórias inspiradoras, quebrar barreiras e descobrir como a tecnologia pode ser uma grande aliada na autonomia e inclusão.